Entrevista com Marcelo Oliveira - Prefeito de Mata de São João
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Imagem retirada da internet |
1 – Que avanços você
pontua nos tratamentos nos centros de atenção psicossocial?
Quando cheguei aqui em 2005, com
o ex-prefeito João Gualberto, encontramos pessoas portadoras de transtornos
mentais e não havia o que fazer, elas tinham a necessidade e não se tinha o que
fazer. Hoje você encaminha para o CAPS e tem o enfermeiro, o psicólogo, a
assistente social, tem atividades, vocês são tratados com dignidade que merecem
e precisa, eu fico muito satisfeito. Eu tenho a maior simpatia e carrinho com o
CAPS de Mata de São João
2- Qual a sua visão
da saúde mental nos dias atuais?
A saúde mental como qualquer preocupação com
outra área da saúde, tem que ser muito mais global, estou preocupado com a saúde
da gestante, criança, idoso, portadores de doenças crônicas, doenças mais
raras, então essa gente tem que ter um cuidado especial sem falar que a gente
tem hoje ai em Mata de São João nosso hospital que tem o melhor atendimento de
emergência da região, onde é que tem outro município que tem um hospital
mantido com recursos do próprio município e que tem cinco médicos todo dia?
Qual é o município que tem 100% de cobertura da saúde da família? Posso me
orgulhar que a totalidade da população tem acesso a um médico, dentista,
enfermeira, a um técnico de enfermagem, a um agente comunitário, ou seja, eles
estão atendidos, é perfeito? Está do jeito que eu gostaria? Não, absolutamente
não, mais que a gente tem uma estrutura que pode ser melhorada e vamos melhorar,
nós temos, isso é verdade.
3- Que você tem a
dizer para as pessoas que tem transtorno mental e não procuram um tratamento?
O que eu tenho a dizer é que
procurem um tratamento, que hoje oferecem aqui o acesso fácil, não tem esse
negócio de você fazer restrições, com mesmo tendo uma quantidade de usuários
inscritos, a gente tem a capacidade de atendimento, isso é verdade, mas todos
são atendidos e agora com a instalação do novo CAPS, aí então que ninguém vai
ter justificativa para não procurar.
4- De que forma você
acha que uma pessoa com transtorno pode ser inserida na sociedade uma vez que
nela existem tantos preconceitos?
A questão do preconceito a gente tem que lutar
mesmo, está tendo agora uma campanha muito grande ai na televisão com relação
ao preconceito não só o preconceito contra uma pessoa com transtorno mental,
mas preconceito de toda a natureza olha o nome pré-conceito, ou seja, antes de
você entender você já tem uma ideia pré concebida, você já se posicionou mesmo sem
conhecer, quando a gente fez o CAPS a nossa posição era exatamente essa de
integrar aquela pessoa que tem um transtorno mental e que não é da sua opção, a
ideia é que ela se integrasse com a sociedade, sua família e pra isso tem que
ter ajuda profissional, não adianta família ter boa vontade pra cuidar, se não
tiver o conhecimento, não tiver a técnica e o recurso, não vai pra lugar nenhum,
só vai da mais transtorno e mais aborrecimento, olha há muitos anos atrás eu trabalhava
em uma rede de supermercados e formos pioneiros da Bahia ao incorporar pessoas
com deficiência auditiva no nosso trabalho, depois essas pessoas demonstraram
extremamente produtivas em determinadas áreas, por que elas pelo fato de ter
uma deficiência, elas são muito concentradas no que fazem então atividades que
exigiam autos graus de concentração é preferível você ter uma pessoa com
deficiência, você pode ter deficiência em um sentidos e ter os outros apurados
e tirar essa ideia de que pessoas que tem um transtorno mental podem te causar
um problema ou ele pode ser deficiente, não é assim que as coisas funcionam, se
você souber identificar os talentos, potencialidades você pode ter uma pessoa
com transtorno que é muito mais produtivo do que uma pessoa dita que sem necessidades
especiais.
5- Em relação a
esportes, cultura, educação e lazer, que investimentos podem ser feito em cada
uma destas áreas que possam atender as necessidades das pessoas em sofrimento
mental?
Talvez o prefeito que mais
investiu em Mata em esporte foi eu, se você olhar a quantidade de quadras de
futebol, pistas de skate e toda promoção desses eventos, de campeonatos que
temos feito na cidade, é claro que a gente não tem uma atividade voltada
exclusivamente para pessoas com transtorno mental, a gente tem algumas
atividades votadas para necessidades especiais de um modo geral, então o que a
gente precisa ter uma sociedade, os representantes dessa categoria interessadas
em incorporar, por que para a prefeitura é difícil ter tantos braços para poder
alcançar e abraçar a todos, mas a nossa estrutura está ai, temos ginásio
coberto, academia, campos de futebol, quadras cobertas, precisa que as pessoas
olhem, a prefeitura tem o equipamento, a prefeitura tem a estrutura, a
prefeitura tem o recurso o que é que eu preciso que a prefeitura faça por mim?
Então as pessoas têm que imaginar, ter essa iniciativa também de propor algo
que seja de seu interesse especifico, mas participação popular.
6- Visualizando a
realidade da cidade de Mata de São João, a saúde mental está bem ou precisa
melhorar?
Sempre a saúde a gente vai
precisar melhorar, quando ela estiver bem ainda assim a gente vai precisar
melhorar, por que a saúde é um bem que não tem limite, o que é uma pessoa saudável?
É uma pessoa que não tem doença? Não, pra mim uma pessoa saudável, por exemplo,
é uma pessoa que pratica esporte, movimenta bem, pessoa alegre, por que tudo
isso faz parte da saúde, a saúde não é só física, ela tem que ser mental
também, você tem que estar feliz com sua condição, então nunca, jamais vamos
dizer que estamos bem na saúde, isso nunca vai acontecer, sempre vai ser
possível você melhorar o que você pode fazer é assim, comparando com outros
municípios do mesmo porte, que tem a mesma renda que tem o mesmo padrão social,
nós estamos muito melhores, mas eu tenho um patamar de exigência muito mais
elevado do que isso, tanto isso é verdade que estamos investindo no CAPS novo,
eu tenho a intenção de abrir um CAPS lá no litoral, não conseguimos ainda mais
com fé em Deus vamos conseguir, vou continuar insistindo, pra você ver temos
feito investimento e vamos construir um novo posto de saúde lá em Praia do Forte,
já tem um lá, só que é uma unidade mista que é o posto de saúde da família e
uma unidade de emergência, e vamos separar, por que vou separar? Para melhorar
o atendimento e não vai misturar as duas atividades, no primeiro momento só
tinha dinheiro para fazer um e lá precisava de um posto de saúde da família,
uma emergência, olha não tenho dinheiro para fazer dois, fazemos um e ficamos
com uma unidade mista, beleza, isso durante 8 anos ou 10 anos, agora é à hora
da gente separar, então sempre a gente vai estar fazendo um investimento, por
que a gente sempre entende que pode ser melhorado.
7- Que pontos
positivos você destaca na reforma psiquiatra e qual o negativo?
Antigamente separavam a pessoas
com transtornos mentais da sociedade e condenava a prisão e eram prisões
medievais, eu conheci aqui o Juliano Moreira na época desses tratamentos, e era
dramático, claro que essa nova visão de você dá mais atenção aos centros e você
procurar integrar as pessoas na sociedade em vez de afastar, isso é muito mais
humana, muito mais eficaz, eu acho que é assim que pensar a questão do
transtorno mental, não pode ser uma segregação.
8- Que projetos você
tem para que os jovens não venham a ter algum tipo de transtorno mental
decorrente as drogas?
Essa é uma preocupação de todo
administrador público, os efeitos do álcool e das drogas sobre o
desenvolvimento da juventude. Quando a gente implantou o projeto do turno
integral nas escolas, o meu propósito era que além de a gente oferecer mais
horas de aulas para as crianças, de modo que elas pudessem desenvolver o dever
de casa na própria escola, por que em casa a gente sabe que eles não fazem, e
por que não fazem? Por que nem todos têm um pai e uma mãe preocupados com o
desempenho escolar, por que a escola que as crianças frequentam hoje é
infinitamente superior aos que seus pais frequentaram, então eles já se davam
muito satisfeito com a escola que seu filho tem, por que tem professor todo
dia, por que tem livro, tem farda, tem merenda, tem almoço. Então não exige de
seu filho que ele aprenda, mais não tem escola boa pro aluno que não estuda e é
difícil uma criança de 8, 10 12 anos estudar sem ter um estimulo, orientação,
supervisão de um adulto, então a ideia do turno integral era essa, colocar as
crianças para fazerem o dever de casa com a supervisão que alguns deles, a
maior parte deles, carecem dessa supervisão em casa, e ai uma vez que eles
estavam na escola, vamos também ter a hora da leitura, ter o trabalho de
equipe, ter um futebol, ter o vôlei, a aula de música, dança, arte e ai
preencher o dia do aluno com ele vindo pra escola, com isso o que a gente
consegue com o turno integral, primeiro que ele faça o dever na escola, depois
que tenha aula de reforço, ele tem hora da leitura, então isso consolida o
aprendizado, depois como ninguém é de ferro, ai vai brincar, jogar bola, jogar capoeira
e ai preencho o turno e ele não fica ocioso na rua, não fica vulnerável a
marginalidade que assedia essas crianças.
9- Qual as suas
expectativas com a construção da nova sede do CAPS de mata de são João? Já tem
prazo para entregar da nova sede?
Vamos tentar inaugurar até
dezembro, é um projeto que ficou lindo, bacana e com muito mais espaço.
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