terça-feira, 4 de julho de 2017

Entrevista com Marcelo Oliveira - Prefeito de Mata de São João

Imagem retirada da internet 



1 – Que avanços você pontua nos tratamentos nos centros de atenção psicossocial?

Quando cheguei aqui em 2005, com o ex-prefeito João Gualberto, encontramos pessoas portadoras de transtornos mentais e não havia o que fazer, elas tinham a necessidade e não se tinha o que fazer. Hoje você encaminha para o CAPS e tem o enfermeiro, o psicólogo, a assistente social, tem atividades, vocês são tratados com dignidade que merecem e precisa, eu fico muito satisfeito. Eu tenho a maior simpatia e carrinho com o CAPS de Mata de São João

2- Qual a sua visão da saúde mental nos dias atuais?

 A saúde mental como qualquer preocupação com outra área da saúde, tem que ser muito mais global, estou preocupado com a saúde da gestante, criança, idoso, portadores de doenças crônicas, doenças mais raras, então essa gente tem que ter um cuidado especial sem falar que a gente tem hoje ai em Mata de São João nosso hospital que tem o melhor atendimento de emergência da região, onde é que tem outro município que tem um hospital mantido com recursos do próprio município e que tem cinco médicos todo dia? Qual é o município que tem 100% de cobertura da saúde da família? Posso me orgulhar que a totalidade da população tem acesso a um médico, dentista, enfermeira, a um técnico de enfermagem, a um agente comunitário, ou seja, eles estão atendidos, é perfeito? Está do jeito que eu gostaria? Não, absolutamente não, mais que a gente tem uma estrutura que pode ser melhorada e vamos melhorar, nós temos, isso é verdade.

3- Que você tem a dizer para as pessoas que tem transtorno mental e não procuram um tratamento?

O que eu tenho a dizer é que procurem um tratamento, que hoje oferecem aqui o acesso fácil, não tem esse negócio de você fazer restrições, com mesmo tendo uma quantidade de usuários inscritos, a gente tem a capacidade de atendimento, isso é verdade, mas todos são atendidos e agora com a instalação do novo CAPS, aí então que ninguém vai ter justificativa para não procurar.

4- De que forma você acha que uma pessoa com transtorno pode ser inserida na sociedade uma vez que nela existem tantos preconceitos?

 A questão do preconceito a gente tem que lutar mesmo, está tendo agora uma campanha muito grande ai na televisão com relação ao preconceito não só o preconceito contra uma pessoa com transtorno mental, mas preconceito de toda a natureza olha o nome pré-conceito, ou seja, antes de você entender você já tem uma ideia pré concebida, você já se posicionou mesmo sem conhecer, quando a gente fez o CAPS a nossa posição era exatamente essa de integrar aquela pessoa que tem um transtorno mental e que não é da sua opção, a ideia é que ela se integrasse com a sociedade, sua família e pra isso tem que ter ajuda profissional, não adianta família ter boa vontade pra cuidar, se não tiver o conhecimento, não tiver a técnica e o recurso, não vai pra lugar nenhum, só vai da mais transtorno e mais aborrecimento, olha há muitos anos atrás eu trabalhava em uma rede de supermercados e formos pioneiros da Bahia ao incorporar pessoas com deficiência auditiva no nosso trabalho, depois essas pessoas demonstraram extremamente produtivas em determinadas áreas, por que elas pelo fato de ter uma deficiência, elas são muito concentradas no que fazem então atividades que exigiam autos graus de concentração é preferível você ter uma pessoa com deficiência, você pode ter deficiência em um sentidos e ter os outros apurados e tirar essa ideia de que pessoas que tem um transtorno mental podem te causar um problema ou ele pode ser deficiente, não é assim que as coisas funcionam, se você souber identificar os talentos, potencialidades você pode ter uma pessoa com transtorno que é muito mais produtivo do que uma pessoa dita que sem necessidades especiais.

5- Em relação a esportes, cultura, educação e lazer, que investimentos podem ser feito em cada uma destas áreas que possam atender as necessidades das pessoas em sofrimento mental?

Talvez o prefeito que mais investiu em Mata em esporte foi eu, se você olhar a quantidade de quadras de futebol, pistas de skate e toda promoção desses eventos, de campeonatos que temos feito na cidade, é claro que a gente não tem uma atividade voltada exclusivamente para pessoas com transtorno mental, a gente tem algumas atividades votadas para necessidades especiais de um modo geral, então o que a gente precisa ter uma sociedade, os representantes dessa categoria interessadas em incorporar, por que para a prefeitura é difícil ter tantos braços para poder alcançar e abraçar a todos, mas a nossa estrutura está ai, temos ginásio coberto, academia, campos de futebol, quadras cobertas, precisa que as pessoas olhem, a prefeitura tem o equipamento, a prefeitura tem a estrutura, a prefeitura tem o recurso o que é que eu preciso que a prefeitura faça por mim? Então as pessoas têm que imaginar, ter essa iniciativa também de propor algo que seja de seu interesse especifico, mas participação popular.

6- Visualizando a realidade da cidade de Mata de São João, a saúde mental está bem ou precisa melhorar?

Sempre a saúde a gente vai precisar melhorar, quando ela estiver bem ainda assim a gente vai precisar melhorar, por que a saúde é um bem que não tem limite, o que é uma pessoa saudável? É uma pessoa que não tem doença? Não, pra mim uma pessoa saudável, por exemplo, é uma pessoa que pratica esporte, movimenta bem, pessoa alegre, por que tudo isso faz parte da saúde, a saúde não é só física, ela tem que ser mental também, você tem que estar feliz com sua condição, então nunca, jamais vamos dizer que estamos bem na saúde, isso nunca vai acontecer, sempre vai ser possível você melhorar o que você pode fazer é assim, comparando com outros municípios do mesmo porte, que tem a mesma renda que tem o mesmo padrão social, nós estamos muito melhores, mas eu tenho um patamar de exigência muito mais elevado do que isso, tanto isso é verdade que estamos investindo no CAPS novo, eu tenho a intenção de abrir um CAPS lá no litoral, não conseguimos ainda mais com fé em Deus vamos conseguir, vou continuar insistindo, pra você ver temos feito investimento e vamos construir um novo posto de saúde lá em Praia do Forte, já tem um lá, só que é uma unidade mista que é o posto de saúde da família e uma unidade de emergência, e vamos separar, por que vou separar? Para melhorar o atendimento e não vai misturar as duas atividades, no primeiro momento só tinha dinheiro para fazer um e lá precisava de um posto de saúde da família, uma emergência, olha não tenho dinheiro para fazer dois, fazemos um e ficamos com uma unidade mista, beleza, isso durante 8 anos ou 10 anos, agora é à hora da gente separar, então sempre a gente vai estar fazendo um investimento, por que a gente sempre entende que pode ser melhorado.

7- Que pontos positivos você destaca na reforma psiquiatra e qual o negativo?

Antigamente separavam a pessoas com transtornos mentais da sociedade e condenava a prisão e eram prisões medievais, eu conheci aqui o Juliano Moreira na época desses tratamentos, e era dramático, claro que essa nova visão de você dá mais atenção aos centros e você procurar integrar as pessoas na sociedade em vez de afastar, isso é muito mais humana, muito mais eficaz, eu acho que é assim que pensar a questão do transtorno mental, não pode ser uma segregação.

8- Que projetos você tem para que os jovens não venham a ter algum tipo de transtorno mental decorrente as drogas?

Essa é uma preocupação de todo administrador público, os efeitos do álcool e das drogas sobre o desenvolvimento da juventude. Quando a gente implantou o projeto do turno integral nas escolas, o meu propósito era que além de a gente oferecer mais horas de aulas para as crianças, de modo que elas pudessem desenvolver o dever de casa na própria escola, por que em casa a gente sabe que eles não fazem, e por que não fazem? Por que nem todos têm um pai e uma mãe preocupados com o desempenho escolar, por que a escola que as crianças frequentam hoje é infinitamente superior aos que seus pais frequentaram, então eles já se davam muito satisfeito com a escola que seu filho tem, por que tem professor todo dia, por que tem livro, tem farda, tem merenda, tem almoço. Então não exige de seu filho que ele aprenda, mais não tem escola boa pro aluno que não estuda e é difícil uma criança de 8, 10 12 anos estudar sem ter um estimulo, orientação, supervisão de um adulto, então a ideia do turno integral era essa, colocar as crianças para fazerem o dever de casa com a supervisão que alguns deles, a maior parte deles, carecem dessa supervisão em casa, e ai uma vez que eles estavam na escola, vamos também ter a hora da leitura, ter o trabalho de equipe, ter um futebol, ter o vôlei, a aula de música, dança, arte e ai preencher o dia do aluno com ele vindo pra escola, com isso o que a gente consegue com o turno integral, primeiro que ele faça o dever na escola, depois que tenha aula de reforço, ele tem hora da leitura, então isso consolida o aprendizado, depois como ninguém é de ferro, ai vai brincar, jogar bola, jogar capoeira e ai preencho o turno e ele não fica ocioso na rua, não fica vulnerável a marginalidade que assedia essas crianças.

9- Qual as suas expectativas com a construção da nova sede do CAPS de mata de são João? Já tem prazo para entregar da nova sede?

Vamos tentar inaugurar até dezembro, é um projeto que ficou lindo, bacana e com muito mais espaço.

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